A dispensação farmacêutica é uma das principais responsabilidades dos profissionais de saúde que atuam em farmácias e drogarias.
Porém é um processo que exige muito mais do que apenas seguir a receita médica e entregar o medicamento solicitado.
Trata-se de uma atividade técnica e humanizada, cujo objetivo é garantir o uso seguro, racional e eficaz dos medicamentos.
Esse processo envolve não apenas a leitura e interpretação da receita médica, mas também a avaliação criteriosa sobre a adequação do medicamento ao paciente.
O farmacêutico deve verificar aspectos como contraindicações, possíveis interações medicamentosas e eventuais dúvidas que o paciente possa ter em relação ao tratamento.
Além disso, durante a dispensação, o profissional tem a oportunidade de fornecer orientações detalhadas sobre:
- o uso correto dos medicamentos;
- horário de administração;
- cuidados de armazenamento e duração do tratamento.
Isso contribui diretamente para a adesão ao tratamento e para a redução de erros que possam comprometer a saúde do paciente.
A dispensação farmacêutica vai muito além do ato de entregar medicamentos; ela envolve empatia, conhecimento técnico e responsabilidade para que o paciente receba o tratamento mais adequado e seguro para sua condição de saúde.
Além disso, a atividade de dispensação farmacêutica é uma ação fundamental para a promoção da saúde e do Uso Racional de Medicamentos, conhecido pela sigla URM.
Então, pensando em ajudar sua farmácia, preparamos um artigo com as principais dúvidas respondidas sobre a dispensação farmacêutica.
Tire agora mesmo sua dúvida sobre o assunto!
Além da dispensação farmacêutica, também recomendamos a leitura de:
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O que você quer ler primeiro?
O que é dispensação farmacêutica?
Podemos definir dispensação farmacêutica como: a ação do farmacêutico de ministrar um ou mais medicamentos para um determinado paciente, embasado na prescrição escrita por um profissional de saúde (geralmente médico) autorizado.
Muito além de apenas “pegar” a caixa do medicamento e entregar ao paciente, a dispensação farmacêutica acontece quando é feita a devida orientação sobre o uso correto do medicamento, assegurando que seu uso será feito de forma segura e responsável.
O Conselho Federal de Farmácia conceitua dispensação farmacêutico como sendo:
“Dispensação farmacêutica é o Ato de assegurar que o medicamento de boa qualidade seja entregue ao paciente certo, na dose prescrita, na quantidade adequada; que sejam fornecidas as informações suficientes para o uso correto e que seja embalado de forma a preservar a qualidade do produto.”
Dispensação farmacêutica é igual a venda de medicamento?
Não. Vender um produto é diferente de dispensar um medicamento.
Ao contrário da maioria dos produtos comuns, os medicamentos necessitam de orientação para o seu uso, além de quantidades, horários, dosagens, enfim, uma série de cuidados para serem administrados (ingeridos).
Todo medicamento, seja ele tarjada ou sem tarja, apresenta algum risco à saúde, dessa forma, seu uso precisa ser feito de forma correta e sempre acompanhado por profissional de saúde habilitado ao exercício da profissão, como por exemplo médicos e farmacêuticos.
Sob o exposto, fica claro que dispensação de medicamentos é um ato técnico, que possuem normas e procedimentos, sendo somente permitido ser realizado por profissionais devidamente habilitados.
Qual o principal objetivo da dispensação farmacêutica?
Sem dúvida, a dispensação farmacêutica busca o Uso Racional dos Medicamentos (URM), ou seja, por meio da orientação e informação com linguagem clara e objetiva do profissional farmacêutico no ato da dispensação, é possível atingirmos um uso mais seguro e consciente dos medicamentos vendidos em farmácias.
Atividades dentro da farmácia com relação à dispensação de medicamentos:
- avaliar a prescrição médica;
- prescrição farmacêutica;
- acompanhamento farmacoterapêutico;
- farmacovigilância.
Objetivos da prescrição farmacêutica
Avaliar a prescrição médica
O ato de aviar a receita médica consiste em verificar se todas as informações contidas no documento estão grafadas de forma correta, antes de realizar a dispensação do medicamento.
Caso sejam encontradas incoerências, ou mesmo o farmacêutico não compreender o que ali esteja escrito, é recomendável entrar em contato com o prescritor para sanar as dúvidas, sempre de forma cordial e respeitando a ética da profissão.
Prescrição farmacêutica
A ação de prescrever é aquela relacionada a indicação do próprio farmacêutico sobre o tratamento para o paciente. Existem legislações que permitem a esse profissional receitar medicamentos isentos de prescrição, isto é, não tarjados.
A prescrição também consiste na documentação de outras intervenções sobre cuidados com o paciente, objetivando a prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde do paciente.
Acompanhamento farmacoterapêutico
O acompanhamento farmacoterapêutico faz parte da dispensação farmacêutica, e visa a prevenção, detecção e resolução de problemas vinculados ao uso do medicamento dispensado, bem como o acompanhamento e sua utilização contínua.
Em outras palavras, podemos dizer que esse acompanhamento objetiva registrar as informações do paciente que faz o uso do medicamento.
Farmacovigilância
A farmacovigilância é importante para mitigar os efeitos adversos dos medicamentos da prescrição farmacêutica.
Isto é, compete ao responsável técnico (Lei número 13.021/14) a notificar as autoridades sanitárias, indústria, farmácias e drogarias, sobre os efeitos colaterais que tal medicamento ocasionou.
Qual a responsabilidade do farmacêutico na dispensação farmacêutica?
Na dispensação farmacêutica o profissional técnico fica sendo o responsável por prejuízos ao paciente que sejam recorrentes da dispensação.
O farmacêutico pode responder civil, criminalmente e também administrativamente (ter o registro caçado ou suspenso no Conselho Federal de Farmácia e/ou Conselho Regional de Farmácia).
Lembrando que o farmacêutico também fica sendo o responsável por erros cometidos por sua equipe, conhecida como responsabilidade solidária.
Justamente por isso, é recomenda que somente profissionais devidamente habilitados façam a dispensação farmacêutica.
O que é uma prescrição?
Prescrição nada mais é do que um documento com valor legal que tem o objetivo de passar de forma clara as instruções aos pacientes e profissionais de saúde sobre o tratamento indicado pelo prescritor devidamente habilitado.
Em outras palavras, o a prescrição é um documento que contém informações do prescritor (profissional que prescreve), medicamento, e paciente, servindo para orientar o profissional de saúde na hora da dispensação.
Qual profissional na farmácia pode interpretar uma prescrição?
Como consta na RDC 357/01, o profissional farmacêutico é o único responsável pela avaliação e interpretação dos aspectos técnicos contidos nas prescrições apresentadas pelos pacientes na farmácia.
Lembrando que prescrições que estão ilegíveis, isto é, não podem ser interpretadas de forma correta pelos farmacêuticos, ou mesmo com rasuras e emendas, ficam vetadas de serem utilizadas na dispensação farmacêutica.
Receitas dessa natureza devem ser rejeitadas pelo farmacêutico, sendo que o mesmo pode solicitar o contato do prescritor para sanar suas dúvidas sobre as informações na prescrição.
Quais tipos de medicamentos precisam de dispensação farmacêutica?
Todos os medicamentos precisam de dispensação farmacêutica para serem vendidos no balcão da farmácia e drogaria. Mesmo aqueles que são isentos de prescrição, ou seja, não precisam de receita, também devem ser dispensados pelo farmacêutico.
- Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP);
- Medicamentos sob Prescrição (antimicrobianos);
- Medicamentos sob Prescrição (sujeitos a controle especial)
Etapas da dispensação farmacêutica
As etapas da dispensação farmacêutica são:
- acolhimento do paciente;
- análise da prescrição;
- análise do tratamento;
- encerramento do atendimento.
1. Acolhimento do paciente
A primeira etapa da dispensação farmacêutica consiste no acolhimento do paciente no balcão de atendimento.
Lembre-se: as pessoas normalmente procuram a farmácia quando estão com algum problema de saúde, logo, é preciso ser cordial e empático no atendimento.
Nesse primeiro momento da dispensação farmacêutica, busque demonstrar interesse legítimo e faça a escuta ativa do paciente, isto é, preste atenção no que é relatado pelo mesmo, logo em seguida, peça a prescrição.
2. Análise da prescrição
No segundo momento da dispensação farmacêutica, deve-se criteriosamente analisar o receituário médico. É importante identificar a legalidade (se a receita é verdadeira) e legibilidade (se é possível ler o que está escrito).
Caso legalidade ou legibilidade não forem garantidas, o farmacêutico deve orientar o paciente a buscar um profissional prescritor devidamente autorizado para a emissão da receita passiva de dispensação.
Porém, se tudo estiver certo, prosseguir para a análise do tratamento prescrito na receita.
3. Análise do tratamento
No terceiro passo é fundamental deixar claro para o paciente, em linguagem de fácil compreensão, qual será a via de administração, a dosagem, horários de administração, enfim, todas as informações pertinentes acerta do medicamento receitado.
Após informar ao paciente, é indicado questioná-lo sobre o que foi dito, para reforçar e verificar se não houve qualquer dúvida no entendimento, como por exemplo:
- o motivo de tomar esse medicamento, ficou claro par o Sr.(a)?
- qual o horário que o Sr.(a) deverá tomar o medicamento?
- a quantidade também está clara para o Sr.(a)?
- o Sr.(a) tem mais alguma dúvida sobre o medicamento?
Sempre lembrando que a responsabilidade por qualquer prejuízo que por ventura venha acontecer na saúde do paciente devido à dispensação incorreta, será do farmacêutico, podendo responder e ser penalizado em justiça.
4. Encerramento do atendimento
Logo depois de tirar todas as dúvidas do paciente sobre o medicamento e tratamento, então o farmacêutico pode enfim entregar a caixa do medicamento.
Caso queira aproveitar a oportunidade, pode-se oferecer alguma assistência farmacêutica disponibilizada no estabelecimento.
O farmacêutico também pode oferecer algum outro produto que seja pertinente para a saúde do paciente, contudo, é preciso ter cautela para evitar a chamada “empurroterapia“.
O farmacêutico só é responsável pela dispensação farmacêutica?
Não. Além da dispensação farmacêutica, esse profissional também fica sendo responsável pelos produtos mantidos dentro das farmácias e drogarias devidamente licenciadas na autoridade sanitária vigente.
É importante destacar que o farmacêutico é o responsável técnico, sendo assim, responde desde o momento da compra até o momento da dispensação ao paciente.
Pode ser feita a troca de medicamentos na hora da dispensação?
Sim. O ato de trocar medicamentos é chamada de Intercambialidade. Contudo, existem regras muito bem específicas para realizar a troca entre medicamentos, além de que, somente o farmacêutico poderá fazê-la.
O recomendado é sempre seguir a prescrição, e quando houve necessidade, realizar a intercambialidade do medicamento sem que haja prejuízo para o tratamento do paciente.
Nas demais situações, constatando que o paciente poderá ser prejudicado pela troca do medicamento, a intercambialidade não é indicada, e somente o prescritor poderá realizar a troca por outro medicamento.
A devolução de medicamentos faz parte da dispensação farmacêutica?
Sim. A dispensação farmacêutica também compreende o acompanhamento do uso do medicamento, portanto, caso o paciente retorne à farmácia sob alegação de desvio de qualidade do medicamento, a devolução do mesmo deverá ser realizada pelo farmacêutico, em seguida, substituir o medicamento.
Principais Interações medicamentosas que podem acontecer após a prescrição farmacêutica
Conceitos para entender interação medicamentosa
Antes de seguirmos sobre o significado de interações medicamentosas, é preciso que esteja muito claro para você o que são fármacos e medicamentos.
Abaixo definimos esses dois conceitos fundamentais importantes na dispensação farmacêutica:
Fármaco
São todas as substâncias químicas conhecidas e que apresentam estrutura química definida e dotada de propriedade farmacológica, isto é, são conhecidos como o princípio ativo do medicamento.
Para você conhecer mais termos que são relevantes para a rotina dentro da farmácia, recomendamos o artigo Glossário da Farmácia: Guia dos termos farmacêuticos mais falados.
Medicamento
São os produtos farmacêuticos, ou seja, uma forma farmacêutica que contém o fármaco, normalmente em associação com adjuvantes farmacotécnicos (produtos químicos usados para a elaboração de formas farmacêuticas).
Sabia que existem diversos tipos de medicamentos que podem ser vendidos em farmácias e drogarias?
Dá só uma conferida nesse texto: Quais são os tipos de Medicamentos vendidos em farmácia e drogaria.
Agora que já temos os principais conceitos definidos, podemos seguir e entender melhor sobre interações medicamentosas.
O que é interação medicamentosa?
Podemos definir interação medicamentosa como sendo um evento clínico onde os efeitos de um determinado fármaco são alterados por outro fármaco, que pode ser uma bebida, alimento, planta e até mesmo um agente químico presente no ambiente.
“É modificação que sofre a ação de um fármaco ou medicamento pela presença simultânea de outro ou outros medicamentos, substâncias fisiológicas ou substâncias exógenas não medicamentosas no organismo”.
LINARES BORGES et al. Acta Farm. Bonaerense 21 (2): p. 139-48, 2002
Em outras palavras, interação medicamentosa acontece quando dois ou mais fármacos interagem entre si, agem de forma diferente ou causam aumentou e/ou diminuição do efeito terapêutico, ao tratamento do paciente.
Ou seja, após a dispensação farmacêutica pode acontecer interação medicamentosa com o paciente.
Classificação das interações medicamentosas
As interações medicamentosas são classificas em:
- Farmacocinéticas;
- Farmacodinâmicas:
- Interações de efeito; e
- Interações farmacêuticas.
Interações medicamentosas farmacocinéticas
São as interações que ocorrem ao longo dos processos farmacocinéticos, isto é, absorção, distribuição, metabolização e eliminação dos medicamentos.
Em outras palavras, as interações farmacocinéticas são aquelas que alteram a velocidade ou concentração do fármaco no local da ação.
As interações farmacocinéticas podem acontecer:
Absorção do fármaco pelo organismo
- alteração no pH gastrintestinal;
- adsorção, quelação e outros mecanismos de complexação;
- alteração na motilidade gastrintestinal;
- má absorção causada por fármacos.
Distribuição do fármaco no organismo
- competição na ligação a proteínas plasmáticas;
- hemodiluição com diminuição de proteínas plasmáticas.
Biotransformação do fármaco
- indução enzimática;
- inibição enzimática.
Excreção do fármaco
- alteração no pH urinário;
- alteração na excreção ativa tubular renal;
- alteração no fluxo sanguíneo renal;
- alteração na excreção biliar e ciclo êntero-hepático.
Vale lembrar ao profissional de saúde, que a Absorção nada mais é do que a passagem do fármaco do meio externo para a corrente sanguínea do paciente, ou seja, a velocidade com que o fármaco é “absorvido” pelo organismo.
Já na Distribuição, é justamente a passagem do fármaco que está na corrente sanguínea para os órgãos do paciente.
Interações medicamentosas farmacodinâmicas
São aquelas interações que são decorrentes do efeito dos fármacos no organismo do paciente, como por exemplo: efeitos antagônicos (contrários) e sinérgicos (aumento do efeito do medicamento ou aumento de efeitos secundários).
Interações medicamentosas de efeito
As interações de efeito são aquelas que acontecem quando dois ou mais fármacos em uso simultâneo (ao mesmo tempo) apresentam reações farmacológicas similares ou opostas.
Elas podem resultar em sinergias ou antagonismos sem modificar farmacocinética (atividade do antimicrobiano no interior do organismo) ou mecanismo de ação dos fármacos envolvidos
Podemos citar um exemplo de interação medicamentosa de efeito, a ação sedativa que é reforçada ao ingerir álcool em conjunto com os fármacos hipnóticos e anti-histamínicos.
Interações medicamentosas farmacêuticas
Também conhecida como incompatibilidade medicamentosa, as interações farmacêuticas acontecem antes da administração (uso) dos fármacos no organismo do paciente.
No momento em que dois ou mais fármacos “se misturam” em um mesmo recipiente (por exemplo uma seringa, antes da aplicação), pode acontecer uma interação entre os mesmos.
Ao “misturar” diferentes fármacos num mesmo recipiente, o profissional de saúde precisa ficar atendo as seguintes reações físico-químicos, observando se existe a interação farmacêutica.
Abaixo listamos alguns exemplos de incompatibilidade entre fármacos que podem acontecer em uma interação farmacêutica:
Exemplos de Interações farmacêuticas
Fármacos | Resultado da interação |
Diazepan + Soluções Fisiológicas | Precipitação |
Heparina + Hidrocortizona | Inativa Heparina |
Penicilina + Hidrocortisona | Inativa Penicilina |
Insulina Mesmo Frasco ou Seringa | Precipitação e Inativação |
Exemplos de interações medicamentosas
Considere um tipo de medicamento, ele pode ter interações com:
- Alimentos;
- Bebidas alcoólicas
- Condições fisiopatológica (alterações no corpo durante a doença);
- Exames em laboratório
- Outro medicamento;
- Plantas medicinais; e
- Suplementos vitamínicos.
Logo em seguida, listamos alguns exemplos de interações medicamentosas:
Tipo de Interação | Exemplo de resultado da interação |
Medicamento + medicamento | Medicamentos antiácidos podem diminuir a absorção do orgânicos dos medicamentos Anti-inflamatórios, causando a redução do efeito terapêutico. |
Medicamento + alimentos | Leite e demais alimentos lácteos podem interferir na redução de absorção das Tetraciclinas, assim, diminuir o efeito terapêutico do medicamento no paciente. |
Medicamento + bebidas alcoólicas | Bebidas alcoólicas podem aumentar a chances de danos no fígado (toxicidade hepática) quando ingeridas com Paracetamol. |
Medicamento + exames laboratoriais | Pacientes que usam Amoxicilina no tratamento pode terem alteração no exame urinário, resultando em uma falsa presença de glicose na urina. |
Medicamento + plantas | Plantas mucilaginosas (malva) reduzem a absorção; laxativas ou diuréticas aumentam a eliminação; plantas indutoras do CYP aumentam a velocidade de biotransformação hepática dos fármacos (Hipérico). |
Medicamento + condição de saúde do paciente | Pacientes asmáticos que fazem o uso de Anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) podem apresentar aumento dos sintomas de asma. |
Quais são os efeitos causados pelas interações medicamentosas?
Quando acontece a interação entre fármacos, os possíveis efeitos são basicamente:
- Aparecimento de reações adversas;
- Aumento do efeito do fármaco ingerido; e
- Redução do efeito do medicamento.
Exemplos de interações entre medicamentos
Após a dispensação farmacêutica oriente o paciente sobre as seguintes interações entre medicamentos:
Álcool (sobrecarga aguda) + Antialérgicos de 1ª geração = Risco de depressão do Sistema Nervoso Central (SNC)
O abuso de bebidas alcoólicas com o uso de antialérgicos de primeira geração pode causar interação medicamentosa, sobretudo no aumento do risco de depressão aditiva do Sistema Nervoso Central (SNC), além de comprometer os pensamentos e julgamentos do paciente.
Álcool (uso crónico) + Sinvastatina, Lovastatina e Atorvastatina = Diminuição da efetividade da estatina
O alcoolismo (uso crônico do álcool) está diretamente relacionado com a indução hepática de enzimas (que atuam na metabolização de alguns fármacos, como por exemplo as estatinas).
As estatinas são medicamentos usados para diminuir os níveis de colesterol no sangue, principalmente o “colesterol ruim” (LDL – Low Density Lipoprotein, em tradução livre: Lipoproteína de Baixa Densidade).
Neste caso, essa interação medicamentosa pode diminuir a concentração plasmática efetiva e redução do seu efeito clínico. É aconselhável monitorar constantemente o LDL do paciente.
Álcool (sobrecarga aguda) + Metformina = Risco de acidose lática e hipoglicemia
O consumo de álcool em excesso (sobrecarga aguda) potencializa o quadro de acidose lática (quando as células do corpo não têm oxigênio suficiente, elas produzem o ácido lático que acaba se acumulando no sangue). A recomendação é cessar o uso de álcool durante o tratamento com metformina.
Álcool (sobrecarga aguda) + Metronidazol = Risco de reação do tipo Dissulfiram / Dissulfiraão
Esse tipo de reação medicamentosa causa ao paciente sintomas de vômitos, náuseas e dor de cabeça (cefaleia). Isso acontece, pois, alguns pacientes tem hipersensibilidade ao álcool quando ingerido durante o tratamento com fármacos específicos (conhecido como “efeito dissulfiram”).
O recomendado ao profissional de saúde é sempre orientar o paciente para não ingerir bebidas alcoólicas junto com metronidazol.
AAS (ácido acetilsalicílico) + Insulina = aumento do risco de hipoglicemia
A insulina quando usada junto com o ácido acetilsalicílico pode ocasionar o aumento do efeito hipoglicêmico, neste caso, é preciso monitorar a glicemia do paciente. Recomenda-se realizar a avaliação do paciente considerando o risco-benefício.
AAS (ácido acetilsalicílico) + Varfarina = risco de sangramento
Nesse tipo de interação medicamentosa é notado o efeito aditivo, isto é, os fármacos agem por mecanismos distintos, pois um é antiplaquetário e o outro é anticoagulante, causando o risco de sangramento.
É preciso que o profissional de saúde acompanhe o paciente, observando sintomas de sangramento, como por exemplo o aparecimento de pequenas manchas ou pontos vermelhos (petéquias), sangramento gastrointestinal e pequenos cortes com excessiva demora de cicatrização.
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) + Lítio = aumento das concentrações plasmáticas do lítio
Essa interação medicamentosa pode causar ao paciente a intoxicação pelo lítio, desse modo, o profissional de saúde precisa monitorar constantemente o tratamento, e, ao perceber sintomas de intoxicação, encaminhar o paciente para o médio para que seja feita a revisão da farmacoterapia.
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) + Rivaroxabana = risco de sangramento
Neste caso de interação medicamentosa, é aconselhável evitar a prolongação do uso de Anti-inflamatórios não esteroides em conjunto com um anticoagulante.
O profissional de saúde deve se atentar aos sinais de sangramento, como por exemplo: sangramento gengival e presença de sangue nas fezes do paciente.
Tipos de gravidade das Interações Medicamentosas
As interações medicamentosas apresentam riscos à saúde do paciente, que pode acontecer após dispensação farmacêutica, dessa forma são classificadas por grau de risco.
Abaixo listamos os 4 tipos de gravidade:
Tipo de Gravidade | Descrição |
Mínimo | A interação medicamentosa pode diminuir ou limitar o efeito terapêutico (efeito desejado que o medicamento provoca no organismo quando ingerido). |
Moderado | A interação medicamentosa pode resultar no aumento da condição patológica do paciente. |
Grave | A interação medicamentosa coloca em risco a vida do paciente. |
Contraindicação | Acorre quando dois ou mais fármacos não podem ser administrado simultaneamente, caso isso venha a acontecer, pode causar risco de morte ao paciente. |
Conclusão sobre dispensação farmacêutica
- a dispensação farmacêutica busca promover o Uso Racional dos Medicamentos (URM);
- a dispensação farmacêutica é um ato técnico e deve somente ser feita por profissionais habilitados
- o farmacêutico pode responder civil, criminalmente e administrativa por erros na dispensação;
- os erros da equipe também são de responsabilidade do farmacêutico (responsabilidade solidária);
- não é permitido o pagamento de comissões ou premiações para farmacêuticos dispensarem medicamentos;
- a farmácia e/ou drogaria é vetada de pressionar o farmacêutico a dispensar medicamentos;
- mesmo os medicamentos MIP são de responsabilidade de dispensação dos farmacêuticos;
- intercambialidade de medicamentos na farmácia somente pode ser feita pelo farmacêutico.
Agora que você já sanou suas dúvidas sobre prescrição farmacêutica, vêm conhecer nossas soluções para controle e venda de medicamentos em farmácias e drogarias!
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