As interações medicamentosas é um assunto muito sério que deve ser pauta nas farmácias e drogarias. Como os medicamentos fazem parte da vida das pessoas, as chances de acontecer uma interação medicamentosas são grandes, justamente por isso a necessidade do estabelecimento farmacêutico se posicionar como local de promoção da saúde e bem-estar, oferecendo assistência e orientação sobre o uso corretos dos medicamentos.
Contudo, para oferecer uma correta instrução para o paciente é preciso conhecer os conceitos sobre as interações medicamentosas.
A fim de facilitar a vida dos profissionais de saúde que atuam nas farmácias e drogarias, trouxemos esse artigo o que são interações medicamentosas, com exemplos de interações entre medicamentos, conceitos e definições. Continue a leitura para saber mais sobre as interações entre fármacos!
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O que você quer ler primeiro?
Conceitos para entender interação medicamentosa
Antes de seguirmos sobre o significado de interações medicamentosas, é preciso que esteja muito claro para você o que são fármacos e medicamentos. Abaixo definimos esses dois conceitos fundamentais:
Fármaco
São todas as substâncias químicas conhecidas e que apresentam estrutura química definida e dotada de propriedade farmacológica, isto é, são conhecidos como o princípio ativo do medicamento.
Para você conhecer mais termos que são relevantes para a rotina dentro da farmácia, recomendamos o artigo Glossário da Farmácia: Guia dos termos farmacêuticos mais falados.
Medicamento
São os produtos farmacêuticos, ou seja, uma forma farmacêutica que contém o fármaco, normalmente em associação com adjuvantes farmacotécnicos (produtos químicos usados para a elaboração de formas farmacêuticas).
Sabia que existem diversos tipos de medicamentos que podem ser vendidos em farmácias e drogarias? Dá só uma conferida nesse texto: Quais são os tipos de Medicamentos vendidos em farmácia e drogaria.
Agora que já temos os principais conceitos definidos, podemos seguir e entender melhor sobre interações medicamentosas.
O que é interação medicamentosa?
Podemos definir interação medicamentosa como sendo um evento clínico onde os efeitos de um determinado fármaco são alterados por outro fármaco, que pode ser uma bebida, alimento, planta e até mesmo um agente químico presente no ambiente.
“É modificação que sofre a ação de um fármaco ou medicamento pela presença simultânea de outro ou outros medicamentos, substâncias fisiológicas ou substâncias exógenas não medicamentosas no organismo”.
LINARES BORGES et al. Acta Farm. Bonaerense 21 (2): p. 139-48, 2002
Em outras palavras, interação medicamentosa acontece quando dois ou mais fármacos interagem entre si, agem de forma diferente ou causam aumentou e/ou diminuição do efeito terapêutico, ao tratamento do paciente.
Classificação das interações medicamentosas
As interações medicamentosas são classificas em:
- Farmacocinéticas;
- Farmacodinâmicas:
- Interações de efeito; e
- Interações farmacêuticas.
Interações medicamentosas farmacocinéticas
São as interações que ocorrem ao longo dos processos farmacocinéticos, isto é, absorção, distribuição, metabolização e eliminação dos medicamentos. Em outras palavras, as interações farmacocinéticas são aquelas que alteram a velocidade ou concentração do fármaco no local da ação.
As interações farmacocinéticas podem acontecer:
Absorção do fármaco pelo organismo
- alteração no pH gastrintestinal;
- adsorção, quelação e outros mecanismos de complexação;
- alteração na motilidade gastrintestinal;
- má absorção causada por fármacos.
Distribuição do fármaco no organismo
- competição na ligação a proteínas plasmáticas;
- hemodiluição com diminuição de proteínas plasmáticas.
Biotransformação do fármaco
- indução enzimática;
- inibição enzimática.
Excreção do fármaco
- alteração no pH urinário;
- alteração na excreção ativa tubular renal;
- alteração no fluxo sanguíneo renal;
- alteração na excreção biliar e ciclo êntero-hepático.
Vale lembrar ao profissional de saúde, que a Absorção nada mais é do que a passagem do fármaco do meio externo para a corrente sanguínea do paciente, ou seja, a velocidade com que o fármaco é “absorvido” pelo organismo. Já na Distribuição, é justamente a passagem do fármaco que está na corrente sanguínea para os órgãos do paciente.
Interações medicamentosas farmacodinâmicas
São aquelas interações que são decorrentes do efeito dos fármacos no organismo do paciente, como por exemplo: efeitos antagônicos (contrários) e sinérgicos (aumento do efeito do medicamento ou aumento de efeitos secundários).
Interações medicamentosas de efeito
As interações de efeito são aquelas que acontecem quando dois ou mais fármacos em uso simultâneo (ao mesmo tempo) apresentam reações farmacológicas similares ou opostas. Elas podem resultar em sinergias ou antagonismos sem modificar farmacocinética (atividade do antimicrobiano no interior do organismo) ou mecanismo de ação dos fármacos envolvidos
Podemos citar um exemplo de interação medicamentosa de efeito, a ação sedativa que é reforçada ao ingerir álcool em conjunto com os fármacos hipnóticos e anti-histamínicos.
Interações medicamentosas farmacêuticas
Também conhecida como incompatibilidade medicamentosa, as interações farmacêuticas acontecem antes da administração (uso) dos fármacos no organismo do paciente. No momento em que dois ou mais fármacos “se misturam” em um mesmo recipiente (por exemplo uma seringa, antes da aplicação), pode acontecer uma interação entre os mesmos.
Ao “misturar” diferentes fármacos num mesmo recipiente, o profissional de saúde precisa ficar atendo as seguintes reações físico-químicos, observando se existe a interação farmacêutica. Abaixo listamos alguns exemplos de incompatibilidade entre fármacos que podem acontecer em uma interação farmacêutica:
Exemplos de Interações farmacêuticas
Fármacos | Resultado da interação |
Diazepan + Soluções Fisiológicas | Precipitação |
Heparina + Hidrocortizona | Inativa Heparina |
Penicilina + Hidrocortisona | Inativa Penicilina |
Insulina Mesmo Frasco ou Seringa | Precipitação e Inativação |
Exemplos de interações medicamentosas
Considere um tipo de medicamento, ele pode ter interações com:
- Alimentos;
- Bebidas alcoólicas
- Condições fisiopatológica (alterações no corpo durante a doença);
- Exames em laboratório
- Outro medicamento;
- Plantas medicinais; e
- Suplementos vitamínicos.
Logo em seguida, listamos alguns exemplos de interações medicamentosas:
Tipo de Interação | Exemplo de resultado da interação |
Medicamento + medicamento | Medicamentos antiácidos podem diminuir a absorção do orgânicos dos medicamentos Anti-inflamatórios, causando a redução do efeito terapêutico. |
Medicamento + alimentos | Leite e demais alimentos lácteos podem interferir na redução de absorção das Tetraciclinas, assim, diminuir o efeito terapêutico do medicamento no paciente. |
Medicamento + bebidas alcoólicas | Bebidas alcoólicas podem aumentar a chances de danos no fígado (toxicidade hepática) quando ingeridas com Paracetamol. |
Medicamento + exames laboratoriais | Pacientes que usam Amoxicilina no tratamento pode terem alteração no exame urinário, resultando em uma falsa presença de glicose na urina. |
Medicamento + plantas | Plantas mucilaginosas (malva) reduzem a absorção; laxativas ou diuréticas aumentam a eliminação; plantas indutoras do CYP aumentam a velocidade de biotransformação hepática dos fármacos (Hipérico). |
Medicamento + condição de saúde do paciente | Pacientes asmáticos que fazem o uso de Anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) podem apresentar aumento dos sintomas de asma. |
Quais são os efeitos causados pelas interações medicamentosas?
Quando acontece a interação entre fármacos, os possíveis efeitos são basicamente:
- Aparecimento de reações adversas;
- Aumento do efeito do fármaco ingerido; e
- Redução do efeito do medicamento.
8 exemplos de interações entre medicamentos
Álcool (sobrecarga aguda) + Antialérgicos de 1ª geração = Risco de depressão do Sistema Nervoso Central (SNC)
O abuso de bebidas alcoólicas com o uso de antialérgicos de primeira geração pode causar interação medicamentosa, sobretudo no aumento do risco de depressão aditiva do Sistema Nervoso Central (SNC), além de comprometer os pensamentos e julgamentos do paciente.
Álcool (uso crónico) + Sinvastatina, Lovastatina e Atorvastatina = Diminuição da efetividade da estatina
O alcoolismo (uso crônico do álcool) está diretamente relacionado com a indução hepática de enzimas (que atuam na metabolização de alguns fármacos, como por exemplo as estatinas).
As estatinas são medicamentos usados para diminuir os níveis de colesterol no sangue, principalmente o “colesterol ruim” (LDL – Low Density Lipoprotein, em tradução livre: Lipoproteína de Baixa Densidade).
Neste caso, essa interação medicamentosa pode diminuir a concentração plasmática efetiva e redução do seu efeito clínico. É aconselhável monitorar constantemente o LDL do paciente.
Álcool (sobrecarga aguda) + Metformina = Risco de acidose lática e hipoglicemia
O consumo de álcool em excesso (sobrecarga aguda) potencializa o quadro de acidose lática (quando as células do corpo não têm oxigênio suficiente, elas produzem o ácido lático que acaba se acumulando no sangue). A recomendação é cessar o uso de álcool durante o tratamento com metformina.
Álcool (sobrecarga aguda) + Metronidazol = Risco de reação do tipo Dissulfiram / Dissulfiraão
Esse tipo de reação medicamentosa causa ao paciente sintomas de vômitos, náuseas e dor de cabeça (cefaleia). Isso acontece, pois, alguns pacientes tem hipersensibilidade ao álcool quando ingerido durante o tratamento com fármacos específicos (conhecido como “efeito dissulfiram”).
O recomendado ao profissional de saúde é sempre orientar o paciente para não ingerir bebidas alcoólicas junto com metronidazol.
AAS (ácido acetilsalicílico) + Insulina = aumento do risco de hipoglicemia
A insulina quando usada junto com o ácido acetilsalicílico pode ocasionar o aumento do efeito hipoglicêmico, neste caso, é preciso monitorar a glicemia do paciente. Recomenda-se realizar a avaliação do paciente considerando o risco-benefício.
AAS (ácido acetilsalicílico) + Varfarina = risco de sangramento
Nesse tipo de interação medicamentosa é notado o efeito aditivo, isto é, os fármacos agem por mecanismos distintos, pois um é antiplaquetário e o outro é anticoagulante, causando o risco de sangramento.
É preciso que o profissional de saúde acompanhe o paciente, observando sintomas de sangramento, como por exemplo o aparecimento de pequenas manchas ou pontos vermelhos (petéquias), sangramento gastrointestinal e pequenos cortes com excessiva demora de cicatrização.
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) + Lítio = aumento das concentrações plasmáticas do lítio
Essa interação medicamentosa pode causar ao paciente a intoxicação pelo lítio, desse modo, o profissional de saúde precisa monitorar constantemente o tratamento, e, ao perceber sintomas de intoxicação, encaminhar o paciente para o médio para que seja feita a revisão da farmacoterapia.
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) + Rivaroxabana = risco de sangramento
Neste caso de interação medicamentosa, é aconselhável evitar a prolongação do uso de Anti-inflamatórios não esteroides em conjunto com um anticoagulante. O profissional de saúde deve se atentar aos sinais de sangramento, como por exemplo: sangramento gengival e presença de sangue nas fezes do paciente.
Tipos de gravidade das Interações Medicamentosas
As interações medicamentosas apresentam riscos à saúde do paciente, dessa forma são classificadas por grau de risco. Abaixo listamos os 4 tipos de gravidade:
Tipo de Gravidade | Descrição |
Mínimo | A interação medicamentosa pode diminuir ou limitar o efeito terapêutico (efeito desejado que o medicamento provoca no organismo quando ingerido). |
Moderado | A interação medicamentosa pode resultar no aumento da condição patológica do paciente. |
Grave | A interação medicamentosa coloca em risco a vida do paciente. |
Contraindicação | Acorre quando dois ou mais fármacos não podem ser administrado simultaneamente, caso isso venha a acontecer, pode causar risco de morte ao paciente. |
Conclusão
Como visto nesse texto, as interações medicamentosas podem levar ao óbito do paciente, dessa forma, os profissionais de saúde que atuam nos estabelecimentos farmacêuticos precisam ficar atentos quanto a dispensação dos medicamentos, de modo a orientar de forma correta sobre o uso dos fármacos, evitando a automedicação.
Além disso, o farmacêutico deve atentar-se quando à polifarmácia, isto é, a prescrição de vários fármacos simultaneamente, o que pode levar à interação entre medicamentos.
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